Os Maiores Arrependimentos dos Desenvolvedores (E Como Evitá-los)
Não importa quanto dinheiro você tenha, você não pode comprar mais tempo. Há apenas 24 horas no dia de cada um.
Todos nós carregamos arrependimentos. Não ter convidado aquela garota incrível que você conheceu para sair (essa doeu), não ter passado mais tempo com os pais, ter dito algo no calor do momento que magoou alguém ou ter desperdiçado tempo com coisas que, no fim das contas, não agregaram nada à vida. Esses arrependimentos não surgem apenas das coisas que fizemos, mas, muitas vezes, do que deixamos de fazer.
Na carreira de desenvolvedor, a história se repete. O que mais pesa não são os erros técnicos – esses fazem parte do jogo. Tomamos decisões baseadas no que sabemos no momento, e algumas delas vão se revelar erradas depois. Isso é normal. Aprender com esses erros é o que nos torna melhores.
Mas os arrependimentos que ficam de verdade não estão relacionadas apenas com código mal escrito ou tecnologias mal escolhidas. Eles estão nas oportunidades não aproveitadas, nas conversas que nunca aconteceram, no medo de arriscar, no tempo que eu não consigo mais recuperar, na zona de conforto que nos segurou por tempo demais e outras coisas que fazem falta agora.
Esses são alguns dos meus maiores arrependimentos ao longo da carreira. E, se você já tem um tempo de estrada como desenvolvedor, talvez se reconheça em alguns deles. Se não, talvez esse texto te ajude a evitar cair nas mesmas armadilhas. 🙂
O Ciclo Vicioso das Horas Extras e o Preço que Você Paga
Quem nunca caiu nessa armadilha? Você está no meio de um projeto, os prazos estão apertados, a pressão aumenta e, de repente, lá está você, sacrificando mais uma noite de sono para entregar aquela feature “crítica”. No começo, pode até parecer nobre. Você sente que está ajudando, que está salvando o time. E, claro, alguém sempre solta um “Obrigado, fulano, você me salvou”.
No momento, isso parece suficiente. Mas a verdade? Esse reconhecimento dura pouco. No primeiro erro – e ele vai acontecer –, o mesmo time que te agradeceu pode ser o primeiro a cobrar de maneira cruel. O código que você escreveu às três da manhã pode virar um problema amanhã. Seu esforço não será lembrado, mas sua falha, sim.
E a pior parte? No fim das contas, aquele prazo “inadiável” que você se matou para cumprir provavelmente não importava tanto assim. O projeto pode acabar sendo adiado, a prioridade pode mudar, a empresa pode pivotar. Mas o tempo que você perdeu? Esse não volta.
O Maior Erro: Trabalhar de Graça
Nós, desenvolvedores que se importam, temos um problema sério: nos importamos demais, além da conta (veja a nota que eu deixei) 1. Queremos que o projeto dê certo, queremos que o código fique bom, queremos ajudar o time. Só que essa dedicação tem um custo. E, muitas vezes, quem paga é… você.
Trabalhar horas extras para resolver um problema que não é seu não faz de você um herói. Faz de você um recurso explorável. E sabe o que acontece com recursos exploráveis? Eles são sugados até não terem mais nada para contribuir ou até a primeira crise financeira vir e te demitirem...
Pensa comigo: se você trabalha além do horário porque o projeto está atrasado, qual é a solução natural que o time ou a empresa vai adotar na próxima vez que algo atrasar? Exato. Mais horas extras. Você ensinou que essa é a solução. Agora, esse é o novo normal.
E quando você não conseguir mais acompanhar? Eles vão encontrar outro desenvolvedor disposto a fazer o mesmo.
O Que Você Perde Quando Trabalha Além da Conta
Quando você constantemente ultrapassa seu horário de trabalho, não é só o seu tempo livre que vai embora. O custo real vai muito além, afetando sua saúde, seus relacionamentos e até o seu futuro profissional.
• Saúde mental e física: Trabalhar até tarde, dormir mal, viver sob estresse… tudo isso cobra um preço. Você pode até ignorar por um tempo, mas, mais cedo ou mais tarde, seu corpo vai te forçar a parar.
• Relações pessoais: Quantas noites você deixou de jantar com a família? Ou de passar tempo com seus filhos? Quantos convites de amigos você recusou porque “precisava terminar uma feature”? Essas são coisas que você nunca recupera. Talvez você pense: “Ah, mas eu recupero com o dinheiro que vou ganhar…”
Mas aí está o ponto: dinheiro nenhum no mundo compra mais tempo. Até bilionários sabem disso. Como disse Bill Gates:
Não importa quanto dinheiro você tenha, você não pode comprar mais tempo. Há apenas 24 horas no dia de cada um. Warren tem um senso aguçado disso.
• Crescimento pessoal: Enquanto você está ali, consertando bugs de madrugada, alguém está aprendendo algo novo, fazendo networking, investindo em si mesmo. Trabalhar demais pode prender você no mesmo ciclo, impedindo que seu crescimento aconteça de forma real.
Se não utilizamos o tempo de maneira inteligente, simplesmente o perdemos. E o tempo perdido não volta — não importa o quanto você ganhe.
Trabalhar Mais Não Resolve o Problema
Pensa na quantidade de horas extras que você já fez ao longo da sua carreira. Agora me diz: alguma delas realmente mudou a trajetória de um projeto de forma significativa? O sistema deixou de atrasar? A cultura da empresa melhorou? O time aprendeu a planejar melhor?
Provavelmente não.
O que acontece, na maioria das vezes, é o seguinte:
1. Você trabalha além do horário para cumprir um prazo.
2. O prazo seguinte atrasa mesmo assim.
3. O ciclo se repete.
4. O projeto atrasa meses, independente do seu esforço.
Isso acontece porque trabalhar mais não resolve o problema raiz: falta de planejamento, escopo inchado, prioridades que mudam constantemente. Se a empresa quer que algo seja feito mais rápido, a resposta não pode ser “os desenvolvedores precisam trabalhar mais”.
Se há um problema de eficiência, a solução tem que estar na gestão do projeto, no processo de desenvolvimento, na comunicação do time. E não no sacrifício dos desenvolvedores.
“Dizer ‘sim’ para tudo é o caminho mais rápido para o esgotamento e o mais lento para o sucesso.” – Tim Ferriss, Trabalhe 4 Horas por Semana
Como Sair Dessa?
Se você se identificou com esse cenário, talvez seja hora de mudar sua abordagem. Algumas coisas podem ajudar:
• Aprenda a dizer não: não aceite prazos irreais, não se comprometa a entregar algo impossível, não normalize sacrificar seu tempo pessoal.
• Priorize sua vida fora do trabalho: um bom desenvolvedor não é aquele que trabalha mais horas, mas sim aquele que trabalha de forma mais inteligente.
• Seja profissional, não mártir: você é pago para trabalhar dentro de um período de tempo. Se a empresa quer mais, ela deve pagar por isso – ou contratar mais pessoas.
• Identifique empresas saudáveis: algumas culturas incentivam o equilíbrio, enquanto outras tratam horas extras como padrão. Se você percebe que está sempre exausto e o ambiente não muda, talvez seja hora de procurar outro lugar.
No Fim das Contas…
Trabalhar além do necessário pode parecer um atalho para crescer na carreira, para mostrar dedicação, para ser reconhecido. Mas, na realidade, é um caminho perigoso. Empresas se adaptam ao que você tolera. Se você ensina que está sempre disponível, sempre disposto a sacrificar seu tempo, isso vira a expectativa padrão.
Arrependimentos são marcas do passado, mas não precisam ser correntes que prendem seu futuro.
E aí, quando você finalmente perceber o que perdeu – noites mal dormidas, momentos com a família, sua paz mental –, talvez seja tarde demais para recuperar.
O Preço de Não Ter um Plano de Carreira
Se tem uma coisa que pode roubar anos da sua vida profissional, é achar que basta trabalhar duro que as coisas vão simplesmente acontecer. Eu caí nessa. E talvez você já tenha caído ou ainda esteja nessa armadilha.
Quando comecei, achava que era simples: chegue no horário, trabalhe bem, entregue suas tarefas, demonstre dedicação e a empresa vai cuidar do resto. Meu gerente vai notar meu esforço. Meu líder técnico vai me orientar. Quando for a hora certa, as promoções virão.
Besteira. O tempo passa e você percebe que ninguém, além de você, se importa com sua carreira.
• Seu colega de trabalho está preocupado com a carreira dele.
• Seu gerente pode até gostar do seu trabalho, mas a prioridade dele é bater metas e manter o time rodando.
• Sua empresa quer o máximo de produtividade pelo menor custo possível.
Se você não tem um plano, está seguindo o plano de outra pessoa. E meu amigo… acredite que nos planos dele você nem sempre será considerado!
Os Anos Perdidos
O grande problema de não ter um plano de carreira é que você pode passar anos estagnado sem perceber. Você acha que está indo bem, porque está ocupado, porque está sempre entregando, porque recebe elogios aqui e ali. Mas um dia olha para trás e percebe que não saiu do lugar.
Você continua com o mesmo salário, na mesma posição, sem grandes avanços, enquanto outros passaram na sua frente. Mas como?
Simples: eles tinham um plano.
Enquanto você estava ocupado “apenas trabalhando”, alguém estava:
• Buscando certificações,
• Construindo networking,
• Aprendendo skills que o mercado valoriza,
• Se posicionando para oportunidades melhores.
E você? Estava ali, esperando que o reconhecimento viesse naturalmente. A única coisa que vem naturalmente é a frustração de esperar por algo que nunca chega.
“Mas Meu Chefe Disse Que Tá Tudo Bem”
Muitos desenvolvedores confiam demais no que ouvem de gestores, diretores e da própria empresa... frases como:
💬 “Fique tranquilo, estamos te observando”
💬 “Temos um plano de crescimento para você”
💬 “Se continuar assim, oportunidades vão surgir!”
“Não estamos pensando em demitir ninguém.” (Já começaram ou vão começar em breve, se a situação piorar.)
💬 “Não estamos avaliando ninguém para essa vaga.” (Já estão, e se você não soube ainda, está atrasado.)
💬 “Seu trabalho é muito valorizado por aqui.” (Mas não o suficiente para uma promoção ou aumento.)
💬 “Agora não temos orçamento para isso, mas quem sabe no futuro?” (Futuro indefinido = nunca.)
💬 “Vamos conversar sobre isso mais pra frente.” (O famoso empurrar com a barriga até você esquecer.)
Essas frases são vazias sem ações concretas. Palavras bonitas não pagam contas nem vão direcionar sua carreira.
Se a empresa realmente se importa com o seu crescimento, você verá isso acontecer:
✔ Feedbacks estruturados e honestos – Se a empresa quer que você cresça, ela não vai apenas elogiar seu trabalho ou te motivar com frases genéricas. Você receberá feedbacks claros, objetivos e aplicáveis, mesmo que, às vezes, isso possa ser desconfortável no momento. Feedback real ajuda no seu crescimento; falta de feedback ou apenas elogios superficiais te mantém estagnado.
✔ Planos de desenvolvimento claros e objetivos – Empresas sérias criam planos de desenvolvimento baseados em metas concretas. Isso significa que seu crescimento não depende apenas de “impressões” ou momentos de oportunidade, mas de um caminho estruturado, com prazos, critérios e suporte real para você evoluir.
✔ Oportunidades reais de crescimento dentro do time – Se a empresa fala sobre crescimento, mas as promoções sempre vão para pessoas externas ou parecem inacessíveis, algo está errado. Crescimento interno não pode ser apenas um discurso, precisa ser uma prática. Você precisa ver pessoas ao seu redor evoluindo e saber exatamente o que precisa fazer para chegar lá também.
✔ Reconhecimento baseado em mérito, não apenas em tempo de casa – Em uma empresa saudável, esforço e resultado importam mais do que tempo de serviço. Se promoções só acontecem por tempo de casa ou favoritismo, a cultura da empresa não incentiva o crescimento real, apenas a permanência.
✔ Investimento no seu aprendizado – Empresas que valorizam seu crescimento te dão tempo e acesso a conhecimento: treinamentos, cursos, mentorias, participação em eventos e incentivo para você expandir suas habilidades. Se a empresa só exige resultados sem investir no seu desenvolvimento, você está sendo usado, não desenvolvido.
Se nada disso acontece e o discurso de crescimento se limita a frases vagas como “as oportunidades vão surgir”, “estamos te observando”, ou “temos planos para você”, então a realidade é que não há um plano real para sua evolução.
O crescimento verdadeiro não acontece no discurso. Ele se vê nas ações.2
Como Criar Seu Próprio Plano
Se ninguém além de você se importa com sua carreira, então você precisa assumir o controle. Algumas coisas podem ajudar:
1️⃣ Defina onde você quer chegar
Quer ser tech lead? Especialista em determinada tecnologia ou nicho? Trabalhar remotamente para o exterior? Seja específico.
2️⃣ Entenda quais habilidades te levarão até lá
Se quer ser arquiteto de software, precisa aprender sobre design de sistemas. Se quer sair do país, precisa melhorar seu inglês. Seu objetivo define o que você precisa estudar.
3️⃣ Construa sua rede de contatos
Oportunidades raramente aparecem do nada. Conhecer as pessoas certas pode acelerar sua carreira muito mais do que apenas ser bom tecnicamente. Temos o linkedIn e comunidades no discord para você se conectar com outras pessoas.
4️⃣ Saiba se vender
Não adianta ser excelente se ninguém sabe disso. Aprenda a falar sobre seu trabalho, mostre resultados, participe de eventos, escreva sobre o que você aprende.
5️⃣ Saiba a hora de sair
Se sua empresa não oferece crescimento, não perca anos esperando. Vá para onde sua evolução será valorizada. Mas procure bem! Faça network com outros profissionais e tenha certeza de que está indo para um lugar melhor!
No Fim das Contas…
Se você não tem um plano de carreira, seu “plano” será o que der na telha da empresa. Isso raramente vai jogar a seu favor.
A dura realidade é que ninguém, além de você, está realmente preocupado com onde você vai estar daqui a 5 anos. Seu gerente pode ser gente boa, mas o objetivo dele não é garantir seu crescimento. Seu colega de trabalho pode ser legal, mas ele não vai abrir mão de uma promoção para te ajudar (essa é a realidade caros leitores… veja a nota)3.
Se não fizer isso, daqui a alguns anos pode olhar para trás e perceber que, enquanto você estava ocupado “apenas trabalhando”, outros estavam construindo seus caminhos. E a única coisa que sobra desse tempo perdido é arrependimento.
Codificando Muito Rápido e Criando o Software Errado
Esse é um arrependimento clássico da fase de júnior e pleno. Aquele momento da carreira em que a gente acha que ser um bom desenvolvedor significa codar rápido, entregar e partir para a próxima tarefa. Eu já fui assim. E talvez você também já tenha sido ou ainda seja.
No começo, tudo que eu queria era escrever código. Reuniões eram chatas. Refinamento de requisitos? Pff, perda de tempo. Documentação? Nem pensar. Eu queria era abrir meu editor, escrever aquela solução incrível e seguir em frente.
Só que aí veio o choque de realidade.
Eu perdi incontáveis horas escrevendo código impecável, com padrões bonitos, otimizações e tudo mais… para um software que ninguém precisava.
Criar Algo Rápido Não Significa Criar Algo Útil
Sabe aquela sensação de alívio quando você finalmente termina uma feature e passa para a próxima? Isso não significa que você fez um bom trabalho. O problema é que muitos desenvolvedores (eu incluso, por muito tempo) acham que a entrega é o objetivo final.
Mas entregar rápido o software errado só significa que você perdeu tempo mais rápido.
Se o que você criou não resolve o problema certo, se não foi bem pensado, se os requisitos estavam errados ou incompletos, sua entrega não tem valor. No final das contas, alguém vai olhar para aquilo e dizer:
❌ “Isso não era bem o que a gente precisava…”
❌ “Mas e aquele outro caso que ficou de fora?”
❌ “Ah, mas agora precisamos refazer uma parte porque não consideramos tal coisa…”
E pronto. Lá vai você reescrever, refatorar ou, pior ainda, jogar tudo fora e começar do zero.
Você não ganhou tempo. Você perdeu.
O Código Certo Começa Antes da Primeira Linha Ser Escrita
Com o tempo, eu percebi algo que me fez mudar minha forma de trabalhar: os melhores desenvolvedores não são os que codam mais rápido, são os que erram menos no que codam.
E como se erra menos? Entendendo antes de escrever.
Isso significa:
✅ Fazer mais perguntas antes de começar.
✅ Se preocupar com o propósito do software, não só com a implementação.
✅ Investir tempo entendendo o problema antes de pensar na solução.
Eu sei, tudo isso parece que atrasa o desenvolvimento. No início, eu também achava. Mas, na verdade, esse esforço inicial evita desperdício depois.
Porque é muito mais rápido evitar um problema do que corrigi-lo depois.
De Inteligente Para Sábio
Uma coisa que eu aprendi foi que inteligência técnica sozinha não basta. Saber programar bem é essencial, mas não resolve se você não estiver programando a coisa certa.
O desenvolvedor inteligente resolve problemas rápido.
O desenvolvedor sábio evita que eles aconteçam.
E essa segunda opção é sempre mais eficiente.
Então, se eu pudesse voltar no tempo e dar um conselho para o meu “eu” júnior/pleno, seria:
💡 “Pare de escrever código rápido e comece a entender melhor o que precisa ser feito. Seu trabalho não é só codificar, é garantir que a solução está certa antes mesmo da primeira linha ser escrita.”
Isso economiza tempo. Evita dores de cabeça. E, no fim, faz de você um desenvolvedor muito melhor.
Duvidando das Minhas Próprias Ideias
Se tem uma coisa que acontece o tempo todo no mundo do desenvolvimento, é ter suas ideias e estimativas questionadas. Você apresenta um plano, uma solução ou um prazo realista e logo surge alguém dizendo:
💬 “Tem certeza de que precisa de tanto tempo?”
💬 “Não daria para simplificar?”
💬 “O fulano fez algo parecido em menos tempo, será que você não está complicando?”
O problema não é questionar. Questionar faz parte do processo. O problema é quando você começa a duvidar de si mesmo porque ninguém mais parece enxergar o problema que você vê.
Já aconteceu comigo e acredito que com outros programadores isso se repete diariamente!
Muitas vezes, eu olhava para um planejamento e via que ele não fazia sentido. Eu sabia que as estimativas estavam erradas, que a solução proposta teria problemas, que estávamos indo por um caminho perigoso.
Mas, ao invés de bancar minha opinião, eu pensava:
🤔 “Se ninguém mais está vendo isso como um problema, será que eu estou errado?”
A dúvida bate. O receio de ser o único discordando cresce. E, no final, eu muitas vezes fiquei quieto.
O que aconteceu depois?
🔹 O projeto atrasou.
🔹 O código precisou ser reescrito.
🔹 O prazo estourou.
🔹 Tudo o que eu tinha previsto aconteceu.
E o pior: ninguém lembrava que eu tinha visto isso antes. Porque eu não falei nada com convicção. Eu apenas me adaptei e segui o fluxo.
O Problema: A Verdade Inconveniente
Aqui está a dura realidade: ninguém quer ouvir os prazos reais.
Porque um prazo realista significa que:
1️⃣ Vai levar mais tempo do que gostariam.
2️⃣ O projeto vai custar mais.
3️⃣ As estimativas anteriores estavam erradas.
E ninguém quer lidar com isso. É mais fácil continuar acreditando em prazos impossíveis e soluções mágicas, mesmo quando a realidade mostra o contrário.
Como no filme Matrix, muitas pessoas preferem a pílula azul – continuar na ilusão de que tudo está sob controle.
No Fim das Contas…
Com o tempo, aprendi que duvidar de si mesmo pode ser perigoso.
💡 Se você vê um problema, levante a voz. Mesmo que ninguém concorde.
💡 Se suas estimativas fazem sentido, defenda-as. Se for pressionado a reduzi-las, explique os riscos.
💡 Se você sente que algo está errado, investigue. Não presuma que os outros sabem mais só porque estão quietos.
Você pode não convencer todo mundo, mas se for preciso dizer “eu avisei” depois, pelo menos terá falado.
No mundo do desenvolvimento, muitas decisões são tomadas por conveniência e não por lógica. Se você aprende a bancar suas ideias e argumentar com embasamento, seu valor profissional cresce.
O que não dá é ficar calado, seguir o fluxo e, no final, ver o barco afundar sabendo que você tinha visto o iceberg antes. 🚢
Os Testadores Não São o Inimigo
Eu nunca vi QA’s e engenheiros de testes como inimigos.
Obviamente, eu não gostava quando um deles apontava um erro na minha lógica ou em qualquer outro problema no código – fosse no frontend ou no backend. Sempre bate aquele incômodo. Você passa horas desenvolvendo uma feature, acreditando que fez um bom trabalho, e então… BUM! O QA abre um ticket com um bug detalhado, com steps de reprodução e, às vezes, até uma sugestão de como o erro poderia ter sido evitado.
No começo da minha carreira, isso me frustrava. Parecia que o papel deles era implicar comigo, achar defeitos no que eu fazia, atrasar minhas entregas. E, sinceramente, vi muitos desenvolvedores que pensavam assim. Alguns, inclusive, boicotavam o trabalho dos QA’s: mandavam builds sem testar, ignoravam tickets de bugs, tentavam passar o problema adiante.
Mas aqui está a verdade que levei um tempo para entender 👇🏼:
💡 Testadores não estão contra você. Eles estão a favor do produto e da qualidade.
E se tem algo que eu tenho que admitir, é que analistas de qualidade têm um olhar e lógica apurados. Eles enxergam cenários que nós, desenvolvedores, muitas vezes ignoramos.
O Olhar Crítico que Nos Falta
Desenvolvedores costumam estar tão focados em fazer a feature funcionar que acabam negligenciando o que pode dar errado. Enquanto estamos preocupados com arquitetura, performance, refatoração, padrões de código… o QA está olhando para o comportamento real do sistema.
Ele se pergunta:
🔹 O que acontece se o usuário clicar rápido demais em dois botões?
🔹 O que acontece se a internet cair no meio de uma transação?
🔹 Esse fluxo faz sentido para quem não conhece o sistema?
🔹 E se um dado inesperado for inserido?
Os QA’s têm um papel fundamental porque desafiam nossas suposições e protegem o sistema de falhas que poderiam chegar à produção. Eles não são o problema – eles nos ajudam a evitar problemas.
Melhor Um Bug Encontrado pelo QA do Que por Um Usuário
Já viu um bug crítico explodindo em produção? Aquele erro que derruba um serviço, vaza dados ou gera uma enxurrada de reclamações de clientes?
Pois é. O trabalho dos testadores é evitar que isso aconteça.
O erro que você cometeu e que o QA encontrou é um erro que não vai chegar no usuário final. É um erro que pode ser corrigido antes que cause um problema real para a empresa. ISSO É ÓTIMO!
Pensa nisso:
🔹 O tempo que você gasta corrigindo um bug apontado pelo QA é infinitamente menor do que o tempo gasto apagando incêndios em produção.
🔹 Um erro corrigido no ambiente de testes custa menos do que um erro corrigido depois que os clientes já foram impactados.
🔹 QA’s não são seus inimigos. Eles são seu último escudo contra problemas que podem prejudicar o seu próprio trabalho.
Desenvolvedores e QA’s Trabalham Juntos, Não Separados
Uma equipe forte entende que qualidade não é responsabilidade apenas do QA, mas de todos. Se você ainda vê testadores como obstáculos, você está olhando pelo ângulo errado.
Seus testes garantem que o seu trabalho chegue ao usuário funcionando como deveria. Eles tornam você um desenvolvedor melhor, porque fazem você enxergar falhas que não tinha percebido.
A verdade é que o melhor desenvolvedor não é aquele que nunca erra, mas aquele que aprende com os erros e evita que eles se repitam.
Então, na próxima vez que um QA apontar um problema no seu código, não veja isso como um ataque pessoal. Veja como uma chance de entregar algo mais robusto. E, se puder, agradeça. Porque, no final das contas, o trabalho deles salva o seu.
Fazendo o Papel de Outras Pessoas para Elas
Esse pode parecer um assunto contraditório. Afinal, desenvolvimento de software é um trabalho coletivo. Grandes projetos só funcionam porque diferentes pessoas, com diferentes especialidades, colaboram para construir algo maior do que qualquer um poderia fazer sozinho.
Mas aqui eu não estou falando de colaboração saudável, muito menos de pair programming. Estou falando de algo completamente diferente: assumir responsabilidades que nem deveriam estar nos seus ombros.
Quando O Trabalho Deveria Ser de Um, Mas Vira de Dois
Passei por isso diretamente por algum tempo, mas vi muitos colegas sofrerem com essa sobrecarga por anos. Pessoas talentosas, dedicadas, mas que carregavam um peso que não era só delas.
Eram situações como:
🔹 Um desenvolvedor sendo constantemente puxado para revisar e consertar o código de outro, porque “ele tem mais experiência”.
🔹 Alguém assumindo o planejamento de tarefas que deveriam ser de responsabilidade do gerente ou líder técnico.
🔹 Um dev de nível pleno ou sênior fazendo sempre o trabalho de um colega júnior que não estava entregando direito.
🔹 Uma pessoa sempre “tapando buracos” porque “ela consegue resolver rápido”.
E o pior? Isso vira rotina.
De repente, a responsabilidade que deveria ser compartilhada se torna um fardo individual. E essa pessoa passa a ser vista como a que “resolve tudo”, como o suporte não oficial do time.
O que acontece com ela?
💥 Mais pressão.
💥 Mais estresse.
💥 Mais cobranças.
E, quando um problema grande aparece, adivinha quem é acionado primeiro? (novamente peço que leia a nota…)4
Boas Intenções Podem Te Sobrecarregar
O que leva alguém a cair nessa armadilha? Geralmente, boas intenções.
Queremos ajudar o time. Queremos que as coisas andem. Queremos evitar atrasos e problemas. Mas até que ponto isso vale a pena?
Se você está sempre assumindo responsabilidades que deveriam ser de outra pessoa, aqui está o que pode acontecer:
🔹 Você se sobrecarrega e começa a sentir a pressão de prazos que nem eram seus.
🔹 O time se acostuma a deixar você resolver tudo e para de assumir suas próprias responsabilidades.
🔹 Se um erro acontece, o peso cai sobre você também, mesmo que o problema tenha sido originado por outra pessoa.
“O maior erro que você pode cometer é assumir responsabilidades que não são suas e esperar ser valorizado por isso.” – Ryan Holiday, O Ego é Seu Inimigo
O resultado? Você vira a “muleta” do time, mas ninguém te dá um aumento ou uma promoção por isso.
O Problema Não é Ajudar, é Ser Sempre o Socorro
Não me entenda mal. Ajudar colegas é fundamental. Trabalhar junto, ensinar e aprender é parte do jogo.
Mas existe uma grande diferença entre:
✔ Ajudar alguém a crescer e se tornar independente.
❌ Constantemente fazer o trabalho que era para ser de outra pessoa.
Se um colega está sempre precisando que você faça por ele, isso não é colaboração. Isso é dependência.
Se um gerente sempre te envolve em problemas que deveriam ser resolvidos por outros, isso não é reconhecimento. Isso é sobrecarga.
E se você continuar carregando peso demais, uma hora vai quebrar.
Como Evitar Esse Problema?
Se você sente que está assumindo responsabilidades que não são suas, aqui estão algumas coisas que podem ajudar:
1️⃣ Estabeleça limites. Nem tudo precisa ser resolvido por você. Se uma tarefa pertence a outra pessoa, deixe claro que ela precisa assumir esse papel.
2️⃣ Delegue. Se você sempre revisa o código de alguém, pergunte: “Você pode me mostrar o que revisou antes de me mandar?” Isso incentiva a pessoa a assumir mais responsabilidade.
3️⃣ Não aceite tarefas sem questionar. Se um gerente joga algo no seu colo, pergunte: “Isso não deveria ser feito por X?” Às vezes, a empresa só empurra trabalho extra porque ninguém reclama.
4️⃣ Ensine em vez de apenas corrigir. Se um júnior comete sempre o mesmo erro, não conserte por ele. Explique e faça ele aprender. Senão, ele vai sempre depender de você.
No Fim das Contas…
Assumir responsabilidades que não são suas parece um ato nobre no começo. Mas, se isso vira um hábito, a única coisa que você ganha é mais peso nos ombros e menos tempo para fazer o que realmente importa.
Seja colaborativo, ajude seu time, mas lembre-se: o trabalho precisa ser distribuído de forma justa. Se não for, você não está ajudando – está se prejudicando.
O Que Podemos Aprender com Esses Arrependimentos?
Se tem algo que fica claro depois de tudo o que conversamos, é que muitos arrependimentos não vêm dos erros técnicos, mas das escolhas que fazemos (ou deixamos de fazer) ao longo da carreira.
No início, acreditamos que basta trabalhar duro, escrever código rápido, entregar dentro do prazo e confiar que as coisas vão acontecer naturalmente. Mas, com o tempo, percebemos que isso não é suficiente.
O que aprendemos com esses arrependimentos?
🔹 Trabalhar além do limite não vale a pena. Horas extras não são um troféu de dedicação, mas um sintoma de problemas maiores no time e na gestão. Trabalhar mais não resolve o problema – só te esgota.
🔹 Sua carreira é responsabilidade sua. Se você não tem um plano, está apenas seguindo o plano de outra pessoa. E adivinha? Esse plano dificilmente vai priorizar o que é melhor para você.
🔹 Codar rápido não significa codar certo. A pressa para escrever código sem entender bem os requisitos leva a desperdício de tempo e retrabalho. O desenvolvedor sábio foca em evitar problemas antes de precisar resolvê-los.
🔹 Seja firme nas suas ideias. Se você percebe que um planejamento está errado, que um prazo é inviável ou que um problema está sendo ignorado, fale. Se você está certo, sua voz precisa ser ouvida.
🔹 QA’s não são seus inimigos. Eles protegem seu trabalho, seu produto e sua empresa. Quem entende isso cresce mais rápido e entrega um software melhor.
🔹 Não assuma responsabilidades que não são suas sem pensar nas consequências. Ajudar o time é bom, mas se sobrecarregar sem reconhecimento pode te prender em um ciclo de exploração.
O Que Fazer Agora?
Saber desses arrependimentos antes de cometê-los já é um grande passo. Você não precisa esperar anos para perceber que poderia ter feito escolhas melhores.
Agora que você sabe onde os desenvolvedores seniores erraram, use isso a seu favor:
✅ Trabalhe com inteligência, não com exaustão.
✅ Construa seu próprio caminho, não dependa da empresa para isso.
✅ Antes de escrever código, entenda o problema que está resolvendo.
✅ Aprenda a defender suas ideias, mesmo quando for a única voz questionando.
✅ Respeite e aprenda com os QA’s – eles estão do seu lado.
✅ Colabore, mas sem carregar mais peso do que deveria.
No final das contas, a carreira de um desenvolvedor não se resume a linhas de código. Se trata de fazer escolhas certas ao longo do caminho.
A diferença entre um desenvolvedor sênior arrependido e um desenvolvedor realizado está justamente nas decisões que ele tomou – e nas que ele evitou.
Agora a pergunta é: quais escolhas você vai fazer?
Eu sei o que você pode estar pensando: “Ué, mas você não vive dizendo que bons programadores se importam? Agora tá falando que se importar demais é um problema?” Sim, e vou te explicar a diferença.
Se importar é essencial. Significa que você se preocupa em fazer um bom trabalho, quer entregar algo de qualidade e se esforça para crescer na carreira. Isso é ótimo!👍🏻 Agora, se importar DEMAIS é outra história. Isso pode te levar para um caminho perigoso.
🔹 Se importar demais pode causar pânico. Você começa a carregar o peso do projeto nas costas, como se tudo dependesse de você. E adivinha? Não depende. Projetos são coletivos.
🔹 Se importar demais pode causar crises de ansiedade. Cada erro vira um monstro gigante na sua cabeça, cada feedback negativo parece um ataque pessoal. Você começa a viver com medo de errar.
🔹 Se importar demais pode causar estresse desnecessário. Porque, na real, muitos dos problemas que parecem o fim do mundo hoje vão ser irrelevantes daqui a um mês. Mas, no momento, você sofre como se tudo estivesse pegando fogo.
🔹 Se importar demais pode te cegar. Você fica tão focado em resolver problemas e “salvar” o projeto que nem percebe que está sendo explorado, que está abrindo mão da sua qualidade de vida sem necessidade.
Então, sim, bons programadores se importam. Mas também sabem quando parar, quando priorizar a própria saúde e quando dizer não. Se importar de forma equilibrada te torna um profissional melhor. Se importar demais pode te destruir.
Alguns podem criticar e dizer: “Muito bonitas suas palavras, mas você nunca foi gestor de projetos. Um gestor precisa saber dialogar e nem sempre pode revelar tudo. Às vezes, é preciso esconder o jogo, o mundo corporativo é complexo.”
De fato, liderança não é sobre expor tudo de forma ingênua. Líderes precisam ter estratégia, saber o momento certo de compartilhar informações e como conduzir o time sem gerar pânico ou desmotivação. Mas se sua primeira reação ao ler este texto foi de incômodo, talvez seja hora de refletir sobre sua postura como líder.
Liderança é um cargo de confiança. E confiança só se sustenta quando há transparência e gestão real de pessoas. O problema não é “esconder o jogo estrategicamente”, e sim quando você deixa a transparência de lado completamente, quando para de orientar e só começa a cobrar resultados sem dar embasamento, sem direcionamento claro e sem mostrar o exemplo.
Se você está em uma posição de liderança, mas acredita que seu papel é apenas “administrar informações” e manter sua equipe no escuro até o último momento, então você não está liderando — está apenas gerenciando tarefas. Liderar não é mandar nos outros. É orientar, inspirar e garantir que sua equipe saiba para onde está indo.
Isso pode parecer duro para alguns, mas é a verdade nua e crua do mundo corporativo. Seu gerente pode ser uma ótima pessoa, seu colega de trabalho pode ser um grande amigo, mas no fim do dia, cada um está cuidando da própria carreira.
E isso não significa que são pessoas ruins ou que ninguém quer te ver crescer. Significa apenas que, em um ambiente onde promoções são limitadas, aumentos salariais precisam ser justificados e oportunidades são disputadas, ninguém vai abrir mão do próprio crescimento para garantir o seu.
🔹 Gerentes têm prioridades diferentes. Sim, alguns realmente querem ajudar o time a crescer, mas o foco principal deles é entregar resultados para a empresa. O desenvolvimento da equipe pode ser um fator importante, mas raramente será a prioridade número um.
🔹 Colegas de trabalho também têm ambições. Eles podem te apoiar, compartilhar conhecimento e trabalhar em equipe, mas quando surge uma promoção, um aumento ou uma vaga interna disputada… cada um está jogando seu próprio jogo.
Agora, isso significa que você deve ser paranoico e desconfiar de todo mundo? Não. Significa que você deve estar ciente do jogo que está sendo jogado e não pode esperar que os outros tracem o seu caminho para você.
Moral da história: o mundo corporativo pode até ter boas pessoas, mas ele não funciona baseado em boas intenções. Ele funciona baseado em interesses. E você precisa entender quais são os seus para não passar anos esperando por algo que não vai acontecer. Analise o contexto, entenda sua posição e tome as rédeas da sua carreira.
“Mas pera aí… se eu sou sempre acionado primeiro para resolver problemas grandes, isso não gera oportunidades? Não me dá mais experiência? Isso não pode acelerar minha carreira?”
A resposta é: depende. Sim, isso pode te destacar — ou te prender nesse ciclo para sempre, dependendo da empresa em que você trabalha e da transparência dos seus líderes. Vou te explicar.
Se você está assumindo desafios que realmente te fazem crescer, que expandem suas habilidades, que te preparam para o próximo nível na sua carreira, ótimo. Se a empresa reconhece esse esforço e te recompensa com promoções, aumentos, reconhecimento real, melhor ainda.
O problema acontece quando você é sempre acionado, mas nunca valorizado.
🔹 Você resolve crises, mas não é promovido.
🔹 Você assume responsabilidades extras, mas seu salário continua o mesmo.
🔹 Você faz mais que os outros, mas recebe o mesmo tratamento.
Se você está crescendo profissionalmente, está aprendendo coisas novas, está sendo valorizado por isso, então sim, isso pode ser uma grande oportunidade.
Mas se você está só apagando incêndios, só carregando o peso que deveria estar distribuído, só tapando buracos sem reconhecimento… então você não está crescendo. Você está sendo explorado.
Aqui está a grande questão:
Se ser sempre acionado te traz oportunidades reais, ótimo. Se só te traz estresse, sobrecarga e cansaço, sem nada que vale a pena em troca… então talvez não seja tão bom assim. Ou pior, você não vai se destacar!
E vou te dizer uma coisa: empresas se adaptam ao que você tolera.
Se você sempre aceita mais responsabilidades sem questionar, sem exigir reconhecimento, sem estabelecer limites, isso se torna o normal. Você vira “o cara que resolve tudo”, mas quando precisar de um aumento, de um novo desafio ou de um time mais equilibrado, adivinha? A empresa já espera que você continue fazendo tudo isso de graça.