Para programadores: A Complexidade é gerenciada, não derrotada!
“A complexidade mata. Ela suga a vida dos desenvolvedores, torna os produtos difíceis de planejar, construir e testar..." - Ray Ozzie
Já reparou como todo mundo fala para os desenvolvedores manterem as coisas simples, mas quase ninguém explica o porquê disso? O que realmente ganhamos com um código simples e por que é bom deixar as coisas “estúpidas (KISS)”?
A simplicidade é uma aliada poderosa. Ela facilita a vida dos desenvolvedores, permitindo que eles entendam melhor o que estão fazendo e construam software de forma mais clara e eficiente. Já a complexidade é uma verdadeira pedra no caminho. Um código complicado é frustrante, difícil de entender, e, pior ainda, uma mudança aqui pode causar problemas inesperados em outras partes do sistema.
Curiosamente, criar código simples é um desafio maior do que parece. Requer mais esforço e reflexão, o que acaba demandando mais tempo. Para piorar, os desenvolvedores geralmente não são incentivados nem reconhecidos por priorizarem a simplicidade.
A verdade é que o conselho de “manter as coisas simples” acaba sendo tão ignorado quanto aquela velha máxima de “uma maçã por dia mantém o médico longe”. E sejamos sinceros, não vemos muitos desenvolvedores comendo maçãs nem criando códigos realmente simples.
Mas o que acontece quando deixamos a complexidade tomar conta? Problemas. Muitos problemas. Bugs, falhas, erros, e aquele tipo de código que ninguém quer mexer. É como Ray Ozzie disse:
“A complexidade mata. Ela suga a energia dos desenvolvedores, dificulta o planejamento, construção e teste de produtos, cria desafios de segurança e ainda frustra os usuários e administradores.”
Por isso, vale a pena refletir: você quer criar algo que funcione e seja fácil de lidar ou um emaranhado que só dá dor de cabeça? A escolha parece óbvia, mas exige disciplina e cuidado para ser colocada em prática.
Você precisa saber conviver com a complexidade pois ela é inevitável!
A complexidade é uma realidade inevitável no desenvolvimento de software. Como Nicoll Hunt destacou:
“O primeiro passo de qualquer projeto é subestimar grosseiramente sua complexidade e dificuldade.”
Essa frase não poderia ser mais verdadeira. Quando começamos um projeto, muitas vezes acreditamos que tudo será mais simples do que realmente é. Mas, ao longo do caminho, percebemos que a confusão em um projeto é algo que precisa ser enfrentado, quer queiramos ou não. No clássico artigo No Silver Bullet, Fred Brooks nos ajuda a entender isso ao dividir algo complexo em dois tipos: acidental e essencial.
O que é complexidade acidental?
A complexidade acidental é criada por nós, desenvolvedores. É como uma dívida técnica ou de design: erros evitáveis, decisões mal pensadas ou até mesmo descuidos que complicam desnecessariamente o código. O mais importante aqui é que essa complexidade não é inerente ao problema que estamos tentando resolver. Ela poderia ser evitada — ou pelo menos minimizada.
Quando você olha para um código mal escrito, mal organizado ou cheio de atalhos que ninguém entende, está lidando com complexidade acidental. O pior? Ela não só atrapalha o presente, mas também compromete o futuro. E, como sabemos, a dívida técnica acumulada sempre cobra seu preço.
E a complexidade essencial?
Agora, imagine que você está trabalhando em um software que precisa resolver problemas realmente complicados. Talvez um sistema que lide com dados gigantescos, integrações complexas ou funcionalidades altamente específicas. Esse tipo de complexidade faz parte da natureza do software. É inevitável.
Fred Brooks chama isso de complexidade essencial. Não importa o quão experiente seja a equipe ou o quão avançadas sejam as ferramentas: se o problema for complexo, o software também será. E isso não é algo que você pode evitar. O máximo que podemos fazer como desenvolvedores é tentar gerenciar tudo o que for complexo da melhor maneira possível.
O impacto!
Aqui está o ponto crítico: quanto mais coisas complexas adicionarmos, mais difícil será interagir com o código.
No início, pode até parecer que está tudo sob controle. Mas, conforme a ela cresce — especialmente a acidental — os problemas começam a se acumular. Alterar uma linha de código vira uma tarefa delicada. Novos desenvolvedores têm dificuldade para entender o projeto. E o progresso da equipe começa a desacelerar.
Pior ainda, quando as equipes de desenvolvimento não seguem padrões claros ou não têm uma cultura de boas práticas, a complexidade aumenta rapidamente. O que começa como pequenos problemas isolados se transforma em um cenário onde tudo está conectado de forma confusa, e qualquer tentativa de mudança ameaça quebrar o sistema inteiro.
Então, o que fazemos com isso? Como lidamos com um cenário onde a complexidade é inevitável, mas ainda precisamos avançar?
É aqui que começa uma das discussões mais importantes no desenvolvimento de software. Não há uma solução única ou simples. O que sabemos é que precisamos nos perguntar constantemente: “Estamos criando mais dificuldades do que o necessário?” e “Estamos lidando bem com a complexidade que não podemos evitar?”
A resposta não é óbvia. E, talvez, nem sempre seja confortável.
Complexidade leva a dificuldade em encontrar erros!
A obscuridade no código é um tema curioso, não é? E, como disse Charlie Munger:
“Onde há complexidade, por natureza pode haver fraudes e erros.”
Isso faz a gente pensar. Por que o código mais rápido de escrever acaba sendo, na maioria das vezes, o mais complexo? E por que é tão difícil evitá-lo?
O fascínio pela dificuldades
Muitos desenvolvedores, especialmente no início da carreira, acabam associando complexidade com sofisticação. É como se escrever algo complicado fosse um sinal de habilidade. Talvez porque, ao criar um código cheio de camadas, parece que só quem o escreveu consegue entendê-lo. Parece um atestado de exclusividade.
Mas, na verdade, isso é um engano. O verdadeiro sinal de habilidade está no oposto: código simples para resolver problemas complexos. Essa é uma característica que poucos desenvolvedores dominam. Afinal, simplificar exige tempo, prática e, acima de tudo, compreensão profunda do problema e das ferramentas.
Por que Devs Jr's criam códigos complexos?
É interessante observar que um desenvolvedor junior muitas vezes cria soluções mais complexas do que o necessário. Por quê?
A resposta pode estar na falta de experiência. Quando você está começando, o foco está em fazer funcionar. O pensamento normalmente é: “Eu só preciso que o código rode e resolva o problema.” E, nesse processo, surgem soluções apressadas, cheias de atalhos e redundâncias. Não há tempo ou prática suficiente para refinar o código e torná-lo mais limpo e direto.
Além disso, a falta de visão global sobre o sistema contribui. Um júnior pode não entender como o seu código se conecta ao restante do projeto. Isso resulta em uma solução que funciona naquele momento, mas que pode ser difícil de manter ou escalar no futuro. Mas não se preocupe se você é um programador iniciante tem muito a aprender e com certeza buscando orientação das pessoas certas e buscando melhorar sempre, vai refinar cada dia mais suas habilidades!
E os seniores?
Aqui as coisas ficam mais interessantes. Não é porque alguém é sênior que automaticamente cria código simples, fácil de entender, de dar manutenção e elegante. Há seniores que continuam escrevendo código complexo, mesmo com anos de experiência. Por quê?
Talvez a pressão de prazos apertados leve à criação de soluções apressadas. Ou talvez o próprio orgulho técnico faça com que alguns desenvolvedores optem por “mostrar serviço” com implementações elaboradas, mesmo quando não são necessárias.
A complexidade gera interpretações erradas, equívocos e desordem. Ela torna o código, o software e as soluções mais desafiadores de compreender. E quando algo não é fácil de entender, poucas pessoas se dispõem a investir o tempo e esforço necessários para decifrá-lo.
Por outro lado, os melhores seniores — aqueles que realmente dominam os fundamentos e princípios da programação — têm uma abordagem diferente. Eles enxergam a simplicidade como uma virtude. Eles entendem que código simples não é apenas mais fácil de manter, mas também reduz drasticamente os riscos de erros e confusões.
Mas isso não é fácil. Simplificar demanda esforço. É preciso primeiro entender profundamente o problema, para então começar a cortar o “excesso” e encontrar a solução mais clara. E isso leva tempo, um recurso que nem sempre está disponível.
Por que é perigosa?
Complexidade não é só uma questão de estética ou organização. É um problema real. Quando algo é difícil de entender, poucas pessoas têm paciência ou coragem para mexer. Isso cria um terreno perigoso para erros e mal-entendidos. Um código difícil de ler pode estar quebrado, com brechas de lógica (que podem causar perdas e danos financeiramente), e ninguém percebe. Ou pior: as pessoas percebem, mas não sabem como corrigir.
E é aqui que a frase de Munger faz tanto sentido. Onde há complexidade, há espaço para erros e até fraudes. Quando nem mesmo os desenvolvedores sabem dizer com clareza se algo está funcionando como deveria, como garantir que o sistema é confiável?
Complexidade no código e os bugs em produção
Por que os bugs acabam indo para produção mesmo após uma revisão de código? Essa é uma pergunta que muitos desenvolvedores e equipes enfrentam, e a resposta nem sempre é óbvia. Na maioria dos casos, esses bugs não surgem de erros explícitos ou falhas gritantes no código. Pelo contrário, eles aparecem em trechos de código que são tão complexos que ninguém consegue analisá-los completamente durante uma revisão.
Se o código é simples e direto, o revisor consegue rapidamente avaliar se ele faz o que deveria fazer. A clareza reduz o espaço para dúvidas e mal-entendidos. Mas quando o código é intricado e carregado de detalhes desnecessários, o processo muda. Os revisores não têm tempo ou disposição para destrinchar cada linha, e acabam confiando que o autor “sabia o que estava fazendo”. Essa confiança, embora prática no curto prazo, é onde muitos bugs encontram sua chance de passar despercebidos. Se você quiser ler mais sobre revisões de código e as responsabilidades dos autores e revisores, confira esse outro artigo:
Agora voltando ao foco do problema é que código complexo dificulta o processo de validação. O esforço necessário para entendê-lo é tão grande que o revisor pode assumir, de forma otimista, que ele está correto. Essa é uma armadilha que não apenas permite erros, mas também torna a revisão algo mecânico e menos efetivo.
O desgaste do tempo e a perda de conhecimento
Outro aspecto crítico da complexidade é que ela desgasta nosso entendimento com o passar do tempo. Quando criamos um código complicado ou uma solução cheia de detalhes, geralmente temos o domínio total dela no momento. Tudo parece claro, cada linha faz sentido. Mas esse conhecimento é transitório.
Após três a seis meses, o cenário muda. O que antes parecia óbvio agora exige esforço para lembrar. O código começa a parecer algo criado por outra pessoa — até mesmo para quem o escreveu. É como se a complexidade fosse um peso que fica mais difícil de carregar com o tempo.
Esse fenômeno não afeta apenas indivíduos, mas também as equipes. Com o tempo, o conhecimento tácito sobre o código se perde, especialmente se houver mudanças na composição do time. O código que já era difícil de entender se torna um enigma, aumentando os custos de manutenção e reduzindo a confiança na base de código.
Essa visão de curto prazo no momento de criar soluções complexas pode parecer suficiente na hora, mas gera um efeito dominó de problemas para o futuro. Cada camada de confusão acumulada adiciona uma barreira que a equipe precisará superar, tornando o desenvolvimento mais lento e menos eficiente. E é aí que mora o perigo: o que parecia ser apenas “um detalhe a mais” no início pode se transformar em um grande gargalo para o progresso do time.
Como lidar com as complicações
A relação dos desenvolvedores com a complexidade diz muito sobre sua abordagem no desenvolvimento. Desenvolvedores ruins simplesmente a ignoram. Desenvolvedores medianamente experientes sofrem para lidar com ela. Mas os bons desenvolvedores fazem o possível para evitá-la desde o início.
Então, como realmente lidar? A resposta está em uma prática fundamental: dividir o código em partes menores.
Quando você fragmenta a complexidade em pedaços menores, tudo se torna mais claro. Pequenos blocos de código são mais fáceis de entender, projetar e modificar. Da mesma forma, requisitos complexos, quando quebrados em tarefas mais simples, ficam mais fáceis de serem conquistados. Essa abordagem reduz o risco de criar código que tenta fazer muitas coisas ao mesmo tempo, algo que inevitavelmente leva a confusões e bugs.
Lições de Buffett e Munger
Há algo que podemos aprender com Warren Buffett e Charlie Munger, mestres no mundo dos investimentos. Eles têm uma regra simples: se não conseguem entender um negócio, eles não investem nele. Para Buffett, se você não consegue explicar por que falhou após cometer um erro, provavelmente estava lidando com algo muito complexo para ser gerenciado.
Buffett e Munger classificam oportunidades em pilhas: a pilha fácil e a pilha difícil. Tudo o que é muito difícil vai para a pilha de “não vamos fazer”. Como Charlie Munger disse:
“Se algo é muito difícil, passamos para outra coisa. O que poderia ser mais simples do que isso?”
O mesmo princípio pode ser aplicado ao desenvolvimento de software. Muitos projetos são subestimados e classificados como fáceis, quando na realidade pertencem à pilha difícil. Softwares corporativos, por exemplo, frequentemente residem nessa categoria. Esses projetos podem valer o esforço, mas exigem mais tempo, recursos e paciência do que as equipes inicialmente preveem.
Se os desenvolvedores reconhecessem que estavam lidando com software da pilha difícil, talvez repensassem como abordar o problema antes de começá-lo.
Dicas para evitar a complexidade
Para Dev JR's:
1. Comece pequeno: Não tente resolver tudo de uma vez. Divida o problema e foque em entender bem cada parte.
2. Questione sua solução: Pergunte-se sempre: “Isso é a forma mais simples de resolver?”
3. Aprenda a refatorar: Depois de fazer algo funcionar, volte e veja como pode simplificar. A prática leva à perfeição.1
Para desenvolvedores seniores:
1. Evite sobreengenharia: Não tente mostrar habilidade criando soluções mais complexas do que o necessário.
2. Guie a equipe: Ajude juniores a entenderem os perigos da complexidade, ensinando-os a pensar em termos de clareza e sustentabilidade.
3. Pense a longo prazo: Não crie soluções que só funcionam agora. Considere como será mantê-las daqui a seis meses ou um ano.
Adotar o princípio de Buffett e Munger no desenvolvimento pode ser transformador: se algo parece difícil demais para entender, talvez seja hora de simplificar ou reconsiderar. Afinal, o verdadeiro talento no desenvolvimento de software está em criar soluções simples para problemas complexos — e isso é uma habilidade que vale a pena cultivar.
Por que falar sobre complexidade com o time é essencial?
Esse é um tema que muitas vezes passa despercebido nas conversas do dia a dia dos times de engenharia. Estamos tão focados em entregar que esquecemos de perguntar: “O que estamos construindo é realmente sustentável?”. Discutir sobre complexidade com o time é mais do que uma questão técnica; é um passo fundamental para garantir que o software continue a funcionar amanhã, no próximo mês, no próximo ano.
Quando falamos de complexidade, estamos falando de comportamentos que precisam ser testados adequadamente. Não é apenas garantir que algo funcione no ambiente local, mas entender todos os cenários possíveis e antecipar os problemas antes que eles surjam. Conversar sobre isso é uma forma de alinhar expectativas, explorar pontos cegos e até mesmo simplificar soluções que pareciam inevitavelmente complicadas.
Além disso, discutir complexidade nos força a refletir sobre como segregamos informações. Será que estamos misturando responsabilidades no código, dificultando a manutenção futura? Ou será que estamos utilizando princípios como a ocultação de informações para isolar detalhes que não precisam ser expostos para todos? Essas práticas não são só boas ideias — são escudos contra o caos que pode vir quando uma base de código cresce sem controle.
Por que dedicar tempo à gestão da complexidade?
Nós, programadores, estamos constantemente lidando com problemas complicados. Isso faz parte da natureza do nosso trabalho. Mas há uma diferença enorme entre problemas complexos e código complexo. Enquanto os problemas são inevitáveis, o código complicado é uma escolha. E essa escolha tem um custo.
Dedicar tempo para gerenciar a complexidade é mais do que uma questão de eficiência; é uma forma de preservar o conhecimento do time. Imagine voltar a um código seis meses depois, só para descobrir que ninguém — nem mesmo quem o escreveu — sabe como ele funciona. Essa é uma armadilha que podemos evitar se fizermos um esforço consciente para simplificar desde o início.
Além disso, a complexidade é uma excelente professora. Cada vez que encontramos um sistema complicado, temos a chance de aprender o que deu errado: Será que faltaram testes? Alguém misturou responsabilidades? Optamos por atalhos que agora custam caro? Esses momentos são oportunidades para refletir e melhorar.
O cuidado que os seniores precisam ter
Desenvolvedores seniores têm uma responsabilidade única. Eles geralmente são os guias, os que definem padrões e mostram o caminho. Mas há um perigo aqui: a confiança excessiva. Com o tempo, pode ser fácil assumir que sua experiência é suficiente para justificar decisões complexas. Afinal, você já fez isso antes, certo?
O problema é que essa confiança pode se tornar uma armadilha para criar soluções excessivamente elaboradas, indo além do necessário. A solução mais elaborada pode parecer elegante, mas será que ela é realmente necessária? Será que a equipe conseguirá manter esse código no futuro? Esses são questionamentos que precisam estar presentes o tempo todo.
Sêniors não estão imunes à armadilha da complexidade. Pelo contrário, podem até estar mais propensos a cair nela por acharem que sabem o que estão fazendo. Mas a verdadeira maestria está em reconhecer que a solução mais simples é muitas vezes a melhor — não porque é fácil, mas porque é sustentável.
Discutir e enfrentar a complexidade nos ensina algo fundamental: humildade. Como programadores, muitas vezes queremos impressionar com soluções engenhosas, mas a realidade nos mostra que o mais difícil é criar algo simples e funcional. Essa dificuldade nos lembra de que o software é uma criação coletiva, e que nossa prioridade deve ser criar algo que os outros possam entender, manter e evoluir.
Por isso, conversar sobre obscuridade do código e da solução com o time não é uma perda de tempo; é uma forma de evitar que ela nos controle. Ao gerenciar a complexidade, aprendemos não só a escrever código melhor, mas também a sermos melhores colegas e colaboradores. Afinal, no final do dia, não estamos apenas escrevendo código. Estamos criando algo que, esperamos, seja útil, acessível e duradouro — para todos que vierem depois de nós.
Conclusão!
A complexidade no nosso dia a dia é como uma sombra que nos acompanha em tudo que fazemos. Ela nunca desaparece completamente, mas pode ser gerenciada com cuidado e atenção. Está presente nos problemas que enfrentamos, nas escolhas que fazemos e até mesmo nas que adiamos. Ignorar a complexidade é arriscado, mas enfrentá-la com consciência pode ser uma oportunidade de crescimento — tanto para o software quanto para nós mesmos.
Como vimos, o código mais rápido de escrever é quase sempre o mais complicado. Essa pressa pode parecer vantajosa no início, mas geralmente traz meses de frustração, com bugs escondidos, confusões constantes e uma equipe que começa a hesitar em tocar no sistema. A simplicidade, por outro lado, exige esforço e dedicação, mas é a chave para um código que resiste ao tempo e é compreensível para todos.
Converse com o seu time sobre complexidade. Essas discussões não são apenas técnicas; elas revelam a essência de como o trabalho é conduzido. Pergunte: Estamos testando os comportamentos que realmente importam? Estamos separando as responsabilidades de forma clara? Estamos ocultando informações desnecessárias para evitar acoplamento e confusão? Refletir sobre essas questões ajuda a construir um software mais robusto e uma equipe mais confiante.
Para você, desenvolvedor júnior, a jornada é um aprendizado contínuo. Simplicidade pode parecer algo distante, mas é conquistada linha por linha, projeto por projeto. Comece pequeno, refine constantemente e não tenha medo de perguntar.
E para os seniores, lembrem-se: experiência não é um passe livre para soluções complicadas. Pelo contrário, ela é um convite para liderar pelo exemplo. A verdadeira maestria está em guiar sua equipe com humildade, buscando sempre o equilíbrio entre clareza e eficácia.
No final, a complexidade nos ensina uma lição importante: programar é mais do que resolver problemas técnicos; é criar algo que outras pessoas possam entender, manter e melhorar. Quando dedicamos tempo para gerenciar a complexidade, estamos investindo no futuro do software, no crescimento do time e na nossa evolução como profissionais.
Agora, reflita sobre estas perguntas:
1. Será que o código que você escreveu hoje será compreensível para você ou sua equipe daqui a seis meses?
2. Você já parou para questionar se as soluções que está criando são realmente necessárias ou se poderiam ser simplificadas?
3. Como você está ajudando seu time a lidar melhor com a complexidade: compartilhando conhecimento ou criando barreiras invisíveis?
A resposta a essas perguntas pode não ser imediata, mas começar a refletir sobre elas é o primeiro passo para enfrentar esse problema com mais confiança e clareza.
Tudo isso você só pode fazer se já tiver conhecimento básico e práticos dos fundamentos da engenharia de software (da programação), por favor, foque em ter o conhecimento básico e depois comece a entender e pensar se sua solução realmente está simples ou na direção de se tornar complexa. Consulte outros programadores e ouça opinião deles!